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Silêncio e Movimento: O Triatleta que Fez da Dor um Caminho de Fé

Leonardo Moreira fala sobre fé, dor e o movimento como forma de cura.

Pai, triatleta e nutricionista, Leonardo Moreira transformou a dor mais profunda que um ser humano pode sentir em um caminho de fé e propósito. Depois de décadas de dedicação ao esporte, ele descobriu que correr, pedalar e nadar não eram apenas treinos eram formas de oração. Em conversa com o Jornal Endorfina, ele fala sobre espiritualidade, superação e o papel da endorfina como ponte entre corpo e alma.

Quem é o Leonardo Moreira?
Sou um homem em construção. Um buscador da verdade, da leveza e do propósito.
Profissionalmente, comecei na Engenharia Civil e, depois de alguns anos, abri o meu primeiro restaurante, em 2000. Foram 25 anos de estrada nesse setor.
Mas, já depois dos 50, decidi realizar um sonho antigo: me formar em Nutrição. Voltei à faculdade, me formei entre os melhores da turma o que é curioso, porque nunca fui um bom aluno e descobri uma nova missão: ajudar as pessoas a viverem com mais vitalidade, consciência e fé no próprio corpo.

O esporte sempre esteve presente na sua vida?
Desde os 13 anos. Comecei a correr muito cedo e, aos 16, entrei para o triatlo.
São mais de 40 anos de movimento, de superação e de autoconhecimento.
O esporte sempre me colocou em equilíbrio, mas, depois de um grande baque pessoal, descobri que ele era mais do que um hábito era a minha forma de oração.


Você fala do esporte como uma oração. Como assim?
Durante muito tempo, eu treinava por metas e desempenho. Mas, quando a vida me colocou diante da dor, percebi que o movimento era uma ponte entre corpo e alma. Correr, pedalar e nadar deixaram de ser tarefas físicas e se tornaram meditação em movimento. Hoje, o esporte é o meu templo. É onde encontro silêncio, presença e Deus.

E qual é o papel da endorfina nesse processo?
A endorfina é um portal. Quando o corpo atinge um certo nível de esforço, a mente se cala. É nesse momento de silêncio que sinto a presença de Deus mais próxima.
Não existe passado nem futuro só o agora. O corpo se move, a alma agradece, e tudo parece fazer sentido. A endorfina me lembra que ainda estou vivo e que viver é sentir.

A dor também tem um papel nessa trajetória?
Sem dúvida. A dor é um portal. Ela pode te paralisar ou te transformar. Quando você atravessa esse portal com presença, o que vem depois é força, compaixão e amor. O esporte me ensinou que não se trata de fugir da dor, mas de respirar dentro dela até que ela mude de forma. Cada pedalada, cada passada, é uma oração silenciosa. É o corpo reconstruindo o que o coração não consegue mais sustentar sozinho.


Você acredita que o exercício físico pode ajudar pessoas em depressão?
Acredito completamente. O movimento é uma das terapias mais poderosas que existem não apenas pelo efeito químico, mas pelo sentido que ele traz à vida. Houve dias em que eu não tinha força nem pra pensar, mas, por hábito, me movia. A mente não queria ir, mas o corpo foi. E, quando o corpo se move, a mente se acalma. O movimento abre espaço pra luz voltar a entrar.

Quais são seus rituais diários de equilíbrio?
Leonardo: "Logo ao acordar, tomo um copo de água morna com sal integral e algumas gotas de limão. É o meu primeiro momento de presença. Faço uma oração pra essa água, depois medito, respiro e agradeço. Só então vou pro treino. São rituais simples, mas que me lembram que corpo e alma precisam caminhar juntos. Na simplicidade dessas práticas está a plenitude."

Sua família também parece ter papel central nessa caminhada.
Leonardo: "Totalmente. A Carol, minha esposa, e minhas filhas sempre estiveram comigo nesse universo do esporte. Compartilhamos valores como disciplina, determinação, fé e amor. E mesmo a Maria, que hoje está em outro plano, continua sendo a parte mais forte desse elo. Eu a sinto em cada pedalada, em cada conquista e em cada recomeço."

Como nutricionista, como você vê a relação entre corpo, mente e espírito?
Leonardo: "É um tripé inseparável. A alimentação te dá a base da energia, o movimento ativa a vida e a mente direciona o propósito. Cuidar desse equilíbrio é garantir que emoções, pensamentos e células vibrem na mesma frequência. Nutrir é muito mais do que comer é se cuidar por inteiro."

O que você diria a alguém que perdeu o sentido da vida?
Leonardo: "Comece respirando. Parece pouco, mas é no ar que você respira que começa o milagre da vida. Depois, mova-se. Dê um passo, qualquer passo. Não espere vir a força o movimento é que traz a força. E lembre-se: nenhuma dor é eterna. Mas o amor é. O amor é eterno. A dor pode te quebrar, mas também pode te levar a algo muito maior."

E o que o esporte te ensinou sobre a vida?
Leonardo: "Que a verdadeira vitória não está na linha de chegada. Está na capacidade de seguir em frente com o coração leve, a alma grata e o amor como combustível."

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