O papel dos banhos gelados e do frio controlado na recuperação de ciclistas e corredores
Nos bastidores do esporte de alto rendimento — e cada vez mais nos rituais dos atletas amadores — uma nova febre tem ganhado espaço entre treinos e sessões de mobilidade: o cold plunge, ou mergulho em água gelada.
Da banheira de gelo improvisada em casa aos centros especializados em crioterapia, o frio virou aliado poderoso na busca por recuperação muscular, clareza mental e até bem-estar emocional.
Mas o que está por trás dessa tendência que mistura coragem, ciência e uma pitada de loucura?
O Corpo no Frio: ciência e sensações
A exposição ao frio, seja em imersões de água gelada (entre 5ºC e 15ºC) ou em câmaras de crioterapia (com temperaturas que chegam a -140ºC), provoca uma vasoconstrição dos vasos sanguíneos, reduzindo inflamações e aliviando dores musculares. Assim que o corpo volta ao calor, acontece um efeito rebote de vasodilatação que ativa a circulação, acelerando a recuperação.
Além disso, o frio também estimula a produção de noradrenalina e dopamina, neurotransmissores ligados à energia e ao bom humor — o que explica aquela sensação de euforia que muitos relatam após o mergulho.
Relatos do Front: gelo na veia, alma acesa
Rodrigo Loiola, ciclista mineiro que treina para desafios de longa duração, começou a praticar o cold plunge após treinos intensos. “No início era um choque, mas hoje virou um ritual. Me sinto novo depois de 3 minutos na água gelada. É como reiniciar o corpo e a mente”, conta.
Já Larisa Fabrini, corredora de trilhas e maratonas, prefere a crioterapia guiada em clínicas especializadas. “Em 3 minutos lá dentro, sinto meu corpo reagir como se tivesse dormido 8 horas. É viciante”, diz, rindo.
Mais do que físico: o frio como prática mental
Além dos benefícios fisiológicos, muitos atletas relatam que a prática regular de imersões em água gelada melhora sua resiliência mental. Enfrentar o desconforto do frio de forma controlada ensina o corpo e a mente a respirar, acalmar, resistir. Um treino que vai além da musculatura.
“Depois que você encara 3 minutos a 9 graus, encarar uma subida no último quilômetro da prova fica mais fácil”, brinca Rodrigo.
Comece com cuidado
A prática é poderosa, mas não deve ser feita sem orientação. É importante não mergulhar após o treino de força (para não inibir os processos de adaptação muscular), monitorar a temperatura e o tempo, e evitar a prática em casos de problemas cardíacos.